Eu o satisfaço e inclino à misericórdia
Como ela (a Santa
fala de si na terceira pessoa, por humildade) visse suas outras irmãs se
dirigir ao sermão, queixou-se ao Senhor nestes termos: "Vede, meu
Bem-Amado, que eu gostaria de ouvir o sermão, se não estivesse retida pela
moléstia". O Senhor lhe respondeu: "Queres, minha bem-amada, que Eu
te pregue, Eu mesmo, o sermão?" "Desejo-o ardentemente",
respondeu ela. O Senhor a atraiu então a Si, de tal maneira que seu coração
repousava sobre o Coração divino. Depois de ter saboreado esse doce momento de
repouso, ela sentiu bater o Coração de Jesus com dois modos admiráveis e
soberanamente doces. O Senhor lhe disse: "Cada uma dessas pulsações de
Coração opera a salvação dos homens de três modos: a primeira opera a salvação
dos pecadores, a segunda a dos justos. Pela primeira pulsação de amor, Eu
invoco incessantemente o Padre Eterno, Eu o satisfaço e inclino à misericórdia.
Em seguida, falo a todos os meus Santos, e, depois de ter advogado perante eles
a causa dos pecadores com o zelo e a fidelidade de um irmão, Eu os excito a
rogar por essas pobres almas. Em terceiro lugar, Eu me dirijo ao próprio
pecador, e o chamo misericordiosamente à penitência, esperando em seguida sua
conversão, com um desejo inefável. Pela segunda pulsação de Meu Coração,
convido antes de tudo o Padre Eterno a se regozijar comigo por haver tão
utilmente efundido Meu Sangue pela redenção dos eleitos, pois que agora me
delicio com suas almas. Em segundo lugar, excito a milícia celeste a celebrar
por louvores a vida tão santa dos justos, e a Me agradecer por tantos
benefícios de que os gratifiquei e ainda gratificarei. Enfim, dirijo-Me aos
justos, e lhes dou provas dulcíssimas de Meu amor, excitando-os com invencível
perseverança a progredir dia a dia e hora a hora. E como o bater do coração
humano não é interrompido nem pela ação da vista, nem do ouvido, nem do
trabalho manual, do mesmo modo o governo do Céu, da terra e do universo inteiro
não poderá, até o fim do mundo, nem suspender por um instante, nem retardar,
nem impedir este doce bater de Meu Divino Coração". (Sta. Gertrudes,
"O Arauto do Divino Amor", tradução segundo a edição de Solesmes,
Mame e Fils, editores, Paris, vol. 1, pg. 268).
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