Bem diferentes uma da outra
Dois amores
construíram duas cidades: o amor de si próprio até ao desprezo de Deus fez a
cidade terrestre; o amor de Deus até ao desprezo de si próprio, a cidade
celeste. Uma gloria-se a si própria; a outra ao Senhor. Uma procura a glória
que vem dos homens (cf. Jo 5,44); a outra coloca toda a sua glória em Deus,
testemunha da sua consciência. Uma, inchada de vanglória, levanta a cabeça; a
outra diz ao seu Deus: «Tu és a minha glória e aquele que me faz levantar a
cabeça» (Sl 3,4). Numa, os príncipes são dominados pela paixão de dominar os
seus súbditos ou as nações conquistadas; na outra, todos se fazem servidores do
próximo na caridade, os chefes velando pelo bem dos subordinados e estes
obedecendo àqueles. A primeira cidade, na pessoa dos poderosos, admira a sua
força; a outra diz ao seu Deus: «Amar-Te-ei a Ti, Senhor, que és a minha
força».
É por isso que,
na primeira cidade, os sábios levam uma vida totalmente humana, procurando
apenas o bem do corpo ou do espírito, ou dos dois ao mesmo tempo: «Pois, tendo
conhecido a Deus, não O glorificaram nem Lhe deram graças, como a Deus é
devido. Pelo contrário: tornaram-se vazios nos seus pensamentos e obscureceu-se
o seu coração insensato. (Santo Agostinho: “A cidade de Deus”)
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