sexta-feira, 21 de maio de 2021

LIBERTOS DO PECADO PELA CRUZ DE CRISTO

As correntes dos nossos pecados


Dizia São Paulo: «Quanto a mim, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Gal 6,14). Foi coisa deveras admirável ter aquele cego de nascença recuperado a vista em Siloé; mas que significou isso para os cegos de todo o mundo? A ressurreição de Lázaro, morto havia quatro dias, foi coisa grande, que ultrapassou a natureza; mas essa graça aproveitou apenas a ele, nada trouxe a todos os que, no mundo, tinham morrido pelos seus pecados. Foi assombroso fazer brotar, a partir de apenas cinco pães, alimento bastante para saciar cinco mil homens; mas isso nada significou para aqueles que, em todo o universo, sofriam de fome e de ignorância. Admirável foi a libertação de uma mulher acorrentada por Satanás havia dezoito anos; mas que significará esse facto comparado com a nossa situação de presos pelas correntes dos nossos pecados?

Mas a vitória da cruz conduziu à luz todos aqueles que a ignorância tornava cegos, libertou todos os que o pecado fazia cativos e resgatou toda a humanidade. Não te surpreenda que o mundo inteiro tenha sido resgatado. Aquele que morreu por este resgate não era só um homem, mas o Filho unigénito de Deus. O pecado de Adão trouxe a morte ao mundo; ora, se a queda de um só fez reinar a morte sobre todos os homens, não há de a justiça de um só, com muito mais forte razão, fazer reinar a vida (cf. Rom 5, 17)? Se outrora, pela árvore cujo fruto comeram, os nossos primeiros pais foram expulsos do paraíso, não hão de agora, pela árvore da cruz de Jesus, entrar os crentes muito mais facilmente no Paraíso? Se o primeiro ser modelado de barro trouxe a morte a todos, não há de Aquele que do barro o modelou trazer a todos a vida eterna, Ele que é a própria Vida (cf. Jo 14,6)? (S. Cirilo de Jerusalém: Catequese baptismal, n° 13)

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