«Mas ele gritava ainda mais»
Não te dá vontade
de gritar também, a ti que estás parado na berma do caminho, desse caminho da
vida que é tão curta; a ti, a quem faltam luzes; a ti, que necessitas de mais
graça para te decidires a procurar a santidade? Não sentes urgência em clamar:
«Jesus, Filho de David, tem piedade de mim»? Que bela jaculatória para
repetires com frequência!
Aconselho-vos a
meditar com vagar sobre as circunstâncias que precedem o prodígio, para
conservardes bem gravada na vossa mente uma ideia muito nítida: como os nossos
pobres corações são diferentes do Coração misericordioso de Jesus! Isto
ser-vos-á sempre muito útil, de modo especial nos momentos de prova, de
tentação, e também à hora da resposta generosa, nos pequenos afazeres do
dia-a-dia ou nas ocasiões heróicas.
Muitos
repreendiam-no para o fazer calar. Tal como a ti, quando suspeitaste de que
Jesus passava a teu lado. Acelerou-se o bater do teu coração e começaste também
a clamar, movido por uma íntima inquietação. E amigos, costumes, comodidade,
ambiente, todos te aconselharam: cala-te, não grites! Porque hás de chamar por
Jesus? Não O incomodes!
Mas o pobre
Bartimeu não os ouvia e continuava a gritar, ainda com mais força: «Filho de
David, tem piedade de mim». O Senhor, que o ouviu desde o começo, deixou-o
perseverar na sua oração. Contigo, procede da mesma maneira. Jesus apercebe-Se
do primeiro apelo da nossa alma, mas espera. Quer que nos convençamos de que
precisamos dele; quer que Lhe roguemos, que sejamos teimosos, como aquele cego
que estava à beira do caminho, à saída de Jericó. Imitemo-lo. Ainda que Deus
não nos conceda imediatamente o que Lhe pedimos, e apesar de muitos procurarem
afastar-nos da oração, não cessemos de Lhe implorar. (S. Josemaria Escrivá de
Balaguer: Homilia «Vida de fé», em
«Amigos de Deus», n.º 195)
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