«Cem vezes mais»
Como quem diz:
Pedro, fizeste bem em deixar tudo, pois é a única maneira de alguém Me seguir;
em troca, Eu dar-te-ei, já nesta vida, cem vezes mais.
E o que é, minha
filha querida, este cem vezes mais, ao qual é ainda acrescentada a vida eterna?
O que queria dizer a minha Verdade com isto? Estaria a falar de bens temporais?
Nem por isso, embora Eu por vezes os multiplique em benefício daqueles que são generosos
com as esmolas. Então falava de quê? Ouve bem: aquele que Me dá a sua vontade,
dá-me «uma» coisa; e Eu, em troca dessa coisa única, dou-lhe «cem».
Porquê o número
cem? Porque é o número perfeito, ao qual nada pode ser acrescentado, a não ser
que se volte ao princípio na contagem. Também a caridade é a mais perfeita de
todas as virtudes; é impossível alguém elevar-se a uma virtude mais perfeita, e
só se pode aumentar a sua perfeição voltando ao princípio no conhecimento
pessoal e dando início a uma nova centena de méritos; mas acaba-se sempre a
contagem quando se chega ao número cem. É esse o cêntuplo que dou aos que Me
entregaram o um da sua vontade própria, seja pela obediência comum, seja pela
obediência particular.
E com este
cêntuplo chegareis à vida eterna. (Santa
Catarina de Sena: «Sobre a obediência», cap. VII, n.º 160)
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