quinta-feira, 20 de maio de 2021

A VINHA DA NOSSA ALMA

Deus fez de nós o seu templo, onde quer habitar pela sua graça


Meu querido Pai e Irmão em Cristo, doce Jesus, eu, Catarina, escrava dos servos de Deus, escrevo-vos no seu precioso sangue, com o desejo de que sejais bom operário na vinha da vossa alma, a fim de que deis muito fruto no tempo da colheita, ou seja, no momento da morte, altura em que todas as faltas são punidas e todas as virtudes recompensadas.

Sabeis que a verdade eterna nos criou à sua imagem e semelhança; Deus fez de nós o seu templo, onde quer habitar pela sua graça, desde que o operário desta vinha queira cultivá-la, pois se ela estiver coberta de cardos e espinhos, não poderá habitar nela. Vejamos, querido Pai, qual foi o operário que o Mestre nela colocou: o livre arbítrio, a quem confiou todo o poder. Ninguém pode abrir nem fechar a porta da vontade se o livre arbítrio o não quiser. A luz da inteligência é-lhe dada para conhecer os amigos e os inimigos que querem entrar e passar pela porta; e nesta porta está colocado o cão da consciência, que ladra quando ouve chegar alguém, se estiver acordado. Esta luz permite que o operário veja e distinga o fruto; ele afasta a terra, para que o fruto seja puro, e coloca-o na memória como num celeiro, onde fica guardada a recordação dos benefícios divinos. No meio da vinha, está colocado o vaso do seu coração cheio do precioso sangue, para regar as plantas, a fim de que não sequem.

Foi desta maneira que foi criada e que está disposta esta vinha, que é também, como dissemos, o templo onde Deus quer habitar pela sua graça. (Santa Catarina de Sena: Carta 45 ao conde de Fondi, n.º 192).

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