O machado do Evangelho
deve agora cortar pela raiz
essa árvore estéril
Há algum tempo,
recebi o pedido de alguns irmãos para responder a um panfleto escrito por um
tal Helvídio. Demorei para fazê-lo, não porque fosse tarefa difícil defender a
verdade e refutar um ignorante sem cultura, que dificilmente tomou contacto com
os primeiros graus do saber, mas porque fiquei preocupado em oferecer uma
resposta digna, que desmoronasse os seus argumentos.
Havia ainda a
preocupação de que um discípulo confuso (o único sujeito do mundo que se
considera clérigo e leigo; único também, como se diz, que pensa que a
eloquência consiste na tagarelice, e que falar mal de alguém torna o testemunho
de boa fé) poderia passar a blasfemar ainda mais, caso lhe fosse dada outra
oportunidade para discutir. Ele, então, como se estivesse sobre um pedestal,
passaria a espalhar suas opiniões em todos os lugares.
Também temia que,
quando caísse na realidade, passasse a atacar seus adversários de forma ainda
mais ofensiva.
Mas, mesmo que eu
achasse justos todos esses motivos para guardar silêncio, muito mais justamente
deixaram de me influenciar a partir do instante em que um escândalo foi
instaurado entre os irmãos, que passaram a acreditar nesse falatório. O machado
do Evangelho deve agora cortar pela raiz essa árvore estéril, e tanto ela
quanto suas folhagens sem frutos devem ser atiradas no fogo, de tal maneira que
Helvídio - que jamais aprendeu a falar - possa aprender, finalmente, a
controlar a sua língua. (S. Jerónimo de Stridon: “A virgindade perpétua de
Maria, cap. I).
Imagem: S. Jerónimo de Stridon.
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