Pai-nosso, que estás nos céus
Diz ele:
"Assim deveis orar: Pai-nosso, que estás nos céus". O
homem novo, renascido e restaurado para Deus, pela graça, diz, logo de início,
Pai, porque já começou a ser filho. "Veio para o que era seu e os seus não
o receberam. A todos, porém, que o receberam, deu o poder de se tornarem filhos
de Deus, a todos os que crêem em seu nome". [Jo 1,115]. Assim, aquele que
crê em seu nome e se torna filho de Deus, há de começar imediatamente a dar
graças e a confessar-se filho de Deus. E ao dirigir-se a Deus, chamando-o de
Pai que está no céu, indica também, por suas primeiras palavras da vida nova,
que renunciou ao pai terreno e carnal, que reconhece o Pai que principiou a ter
no céu. Pois está escrito: "Quem diz a seu pai e a sua mãe, não os
conheço, e a seus filhos, não sei quem sois, este guardou os teus preceitos e
conservou o teu testamento" [Dt 33,9]. Também o Senhor ensinou que não
devemos chamar a ninguém" pai", na terra, porque só existe para nós
um Pai que está nos céus. E respondeu ao discípulo que fizera menção do pai
falecido: "Deixa aos mortos que sepultem os seus mortos" [Mt 8,22].
Ele havia dito que o seu pai estava morto, contudo o Pai dos crentes vive.
Como é grande,
portanto, a indulgência do Senhor! Ele nos envolve com a abundância da sua
graça e bondade, a ponto de querer que o chamemos Pai, ao elevarmos a Deus a nossa
oração, de modo que assim como Cristo é Filho, nós também sejamos chamados
filhos. Se o próprio Cristo não nos tivesse permitido orar dessa maneira, quem
de nós ousaria pronunciar tal nome de Pai? Por isso devemos estar conscientes
de que se damos a Deus tal apelativo precisamos agir como filhos seus, para que
assim como nos alegramos com Deus Pai, também se alegre Ele connosco. Vivamos,
portanto, como templos de Deus, para que se note que Ele habita
Sem comentários:
Enviar um comentário