quinta-feira, 6 de maio de 2021

O BOM PASTOR

 «Dou-lhes a vida eterna»


Aquele que é bom, não por um dom recebido mas por natureza, diz-nos: "Eu sou o bom Pastor". E continua, para que imitemos o modelo que nos deu da sua bondade: "O bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas" (Jo 10.11). No seu caso, Ele realizou o que tinha ensinado; mostrou o que tinha ordenado. Bom Pastor, Ele deu a vida pelas suas ovelhas, para mudar o seu corpo e sangue em nosso sacramento e saciar com o alimento da sua carne as ovelhas que tinha resgatado. Mostrou o caminho a seguir: desprezou a morte. Eis diante de nós o modelo a que temos de nos conformar. Em primeiro lugar, gastar-nos exteriormente com ternura pelas suas ovelhas; em seguida, se for necessário, oferecer-lhes a nossa morte.

Ele acrescenta: "Eu conheço - quer dizer, amo - as minhas ovelhas e elas conhecem-me". É como se dissesse de uma forma mais clara: "Quem me ama, siga-me!", porque quem não ama a verdade é porque ainda a não conhece. Vede, irmãos caríssimos, se sois verdadeiramente as ovelhas do bom Pastor, vede se O conheceis, vede se vos apropriais da luz da verdade. Não falo da apropriação pela fé mas pelo amor; vede se vos apropriais não pela vossa fé mas pelo vosso comportamento. Porque o mesmo evangelista João, que nos transmitiu esta palavra, afirma ainda: "Quem diz que conhece Deus e não guarda os seus mandamentos, é um mentiroso" (1 Jo 2,4) É por isso que, no nosso texto, Jesus acrescenta logo a seguir: "Assim como o Pai me conhece, Eu conheço o Pai e dou a vida pelas minhas ovelhas", o que equivale a dizer claramente: o facto de que Eu conheço o meu Pai e sou conhecido por Ele consiste em que Eu dê a vida pelas minhas ovelhas. Por outras palavras: este amor que me leva a morrer pelas minhas ovelhas mostra até que ponto Eu amo o Pai. (S. Gregório Magno: Homilia 14 sobre o Evangelho)

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