CONFISSÕES
SOLICITUDE MATERNA
Tu viste, Senhor,
que numa ocasião, ainda menino, atacou-me repentinamente uma dor de estômago
que me abrasava, e que me aproximou da morte. Tu viste também, meu Deus, pois
já me tinhas sob tua guarda, com que fervor de espírito e com que fé pedi à
piedade de minha mãe, e da mãe de todos nós, tua Igreja, o baptismo de teu
Cristo, meu Deus e Senhor. Perturbou-se minha mãe carnal, pois que me criava
com mais amor em seu casto coração em tua fé para a vida eterna e, solícita, já
havia cuidado de que me iniciasse e purificasse com os sacramentos da salvação,
confessando-te, ó meu Senhor Jesus, em remissão de meus pecados, quando, de
repente, comecei a melhorar. Em vista disso, diferiu-se minha purificação,
considerando que seria impossível, se eu vivesse, que não me tornasse a
manchar; pois a culpa dos pecados cometidos depois do baptismo é muito maior e
mais perigosa.
Nesta época eu já
tinha fé verdadeira, juntamente com minha mãe e com todos da casa, à excepção
de meu pai, que, porém, não pôde vencer em mim a ascendência da piedade
materna, para que deixasse de acreditar em Cristo, tal como ele não acreditava;
minha mãe, solícita, cuidava de que tu, meu Deus, fosses mais pai para mim do
que ele, e a ajudavas a triunfar do marido, a quem servia melhor, porque nele te
servia a ti e a tuas ordens. (Santo Agostinho de Hipona: Confissões; cap. 11)
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