terça-feira, 18 de maio de 2021

É NECESSÁRIO QUE ELE CRESÇA

«Neles sou glorificado»


«Nós viremos a ele», ou seja, ao homem santo, «e nele faremos morada» (Jo 14,23). E penso que o profeta não falava de outro Céu quando disse: «Tu, porém, és o Santo e habitas na glória de Israel» (Sl 22,4). E o apóstolo Paulo diz claramente: «que Cristo, pela fé, habite nos vossos corações» (Ef 3,17). Não é, pois, surpreendente que a Cristo agrade viver nesse Céu. Se para criar o céu visível Lhe bastou falar, para adquirir este teve de lutar — e morreu para o resgatar. Foi por isso que, depois de todos os trabalhos, tendo realizado o seu desejo, Ele disse: «Este será para sempre o meu lugar de repouso, aqui habitarei, porque o escolhi» (Sl 132,14). E bem-aventurada seja aquela a quem é dito: «Anda, vem daí, ó minha bela amada!» (Cant 2,10), porei o meu trono em ti.

«Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?» (Sl 42,6). Também pensas encontrar em ti um lugar para o Senhor? Que lugar há em nós que seja digno de tal glória, e bastará ela para receber Sua Majestade? [...] Que Ele Se digne fazer cair sobre a minha alma a unção da sua misericórdia, para que também eu possa dizer: «Correrei pelo caminho dos teus mandamentos, porque deste largas ao meu coração» (Sl 119,32). E talvez eu seja capaz de mostrar em mim, se não «uma grande sala no andar de cima, mobilada e toda pronta» (Mc 14,15), para Ele comer a Páscoa com os seus discípulos, pelo menos um lugar onde Ele possa «reclinar a cabeça» (Mt 8,20).

É necessário que alma cresça e se alargue para ser capaz de Deus. Ora, a sua largura é o seu amor, como diz o apóstolo Paulo: «Dilatai, também vós, o vosso coração» (2Cor 6,13). Pois, embora a alma não tenha dimensão espacial, uma vez que é espírito, a graça confere-lhe o que a sua natureza exclui. [...] A grandeza de cada alma é, pois, a medida da sua caridade. Ainda que aquela que tem muita caridade seja grande, a que tem pouca é pequena e a que nada tem é nada. Com efeito, São Paulo afirma: «Se não tiver caridade, nada sou» (1Cor 13,3). (São Bernardo: Sermões sobre o Cântico dos Cânticos, n.º 27, 8-10).

IMAGEM
Sacerdote, Religioso, Santo, Doutor da Igreja
(1090-1153)

Sem comentários:

Enviar um comentário