«Neles sou glorificado»
«Porque estás
triste, minha alma, e te perturbas?» (Sl 42,6). Também pensas encontrar em ti
um lugar para o Senhor? Que lugar há em nós que seja digno de tal glória, e
bastará ela para receber Sua Majestade? [...] Que Ele Se digne fazer cair sobre
a minha alma a unção da sua misericórdia, para que também eu possa dizer:
«Correrei pelo caminho dos teus mandamentos, porque deste largas ao meu
coração» (Sl 119,32). E talvez eu seja capaz de mostrar em mim, se não «uma
grande sala no andar de cima, mobilada e toda pronta» (Mc 14,15), para Ele
comer a Páscoa com os seus discípulos, pelo menos um lugar onde Ele possa
«reclinar a cabeça» (Mt 8,20).
É necessário que
alma cresça e se alargue para ser capaz de Deus. Ora, a sua largura é o seu
amor, como diz o apóstolo Paulo: «Dilatai, também vós, o vosso coração» (2Cor
6,13). Pois, embora a alma não tenha dimensão espacial, uma vez que é espírito,
a graça confere-lhe o que a sua natureza exclui. [...] A grandeza de cada alma
é, pois, a medida da sua caridade. Ainda que aquela que tem muita caridade seja
grande, a que tem pouca é pequena e a que nada tem é nada. Com efeito, São
Paulo afirma: «Se não tiver caridade, nada sou» (1Cor 13,3). (São Bernardo: Sermões sobre o
Cântico dos Cânticos, n.º 27, 8-10).
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