A verdadeira devoção pressupõe o amor de Deus
Os avestruzes tem asas, mas nunca se
elevam acima da terra. As galinhas voam, mas tem um voo pesado e o levantam
raras vezes e a pouca altura. O voo das águias, das pombas, das andorinhas é
veloz e alto e quase contínuo. De modo semelhante, os pecadores são homens
terrenos e vão se arrastando de contínuo à flor da terra. Os justos, que são
ainda imperfeitos, elevam-se para o céu pelas obras, mas fazem-no lenta e
raramente, com uma espécie de peso no coração.
São só as almas possuidoras de uma
devoção sólida que, à semelhança das águias e das pombas, se exalçam a Deus por
um voo vivo, sublime e, por assim dizer, incansável. Numa palavra, a devoção não é nada mais do
que uma agilidade e viveza espiritual, da qual ou a caridade opera em nós, ou
nós mesmos, levados pela caridade, operamos todo o bem de que somos capazes.
A caridade nos faz observar todos os mandamentos de Deus sem excepção, e a devoção faz com que os observemos com toda a diligência e fervor possíveis. Todo aquele, portanto, que não cumpre os mandamentos de Deus não é justo e, muito menos, devoto; para se ser justo, é necessário que se tenha caridade e, para se ser devoto, é necessário ainda por cima que se pratique com um fervor vivo e pronto todo o bem que se pode. (S. Francisco de Sales: “Introdução à vida devota”: cap.1)
Na imagem
São Francisco de Sales
Bispo e Doutor da Igreja Católica
(1567-1622)
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