sábado, 5 de junho de 2021

O VOTO DE POBREZA

Não demorei em compreender o que era…


Desde minha tomada de hábito, eu recebera luz abundante a respeito da perfeição religiosa, principalmente do voto de pobreza. Durante meu postulado, gostava de possuir coisas boas para meu uso e de encontrar à mão tudo o que me era necessário. “Meu Director” tolerava isso com paciência, pois Ele não gosta de revelar tudo ao mesmo tempo às almas. Geralmente, dá sua luz pouco a pouco. No início da minha vida espiritual, pelos 13 ou 14 anos, perguntava a mim mesma o que eu aprenderia mais tarde, pois parecia-me impossível entender melhor a perfeição. Não demorei em compreender que mais se avança nesse caminho, mais se acredita estar afastado da meta; agora, resigno-me em ser sempre imperfeita e fico contente... . Volto às lições que “meu Director” me deu. Uma noite, depois das Completas, procurei em vão nossa lampadazinha sobre as tábuas reservadas para esse uso, era silêncio total, impossível perguntar... entendi que uma irmã, acreditando ter pegado sua lâmpada, pegou a nossa, da qual eu estava muito necessitada; em vez de desgostar-me, fiquei feliz, sentindo que a pobreza consiste em se ver privado não só das coisas agradáveis, mas ainda das indispensáveis. Portanto, no meio das trevas exteriores, fui iluminada interiormente... Naquela época, empolguei-me pelos mais feios e mais desajeitados objectos e foi com alegria que vi terem tirado a moringa bonitinha da nossa cela, substituindo-a por uma grande toda desbicada... Fazia também muitos esforços para não me desculpar, sobretudo com a nossa Mestra, a quem não queria ocultar coisa alguma; eis minha primeira vitória. Não é grande, mas custou-me muito. (Santa Teresinha do Minino Jesus: História de uma alma.

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