segunda-feira, 7 de junho de 2021

A ORAÇÃO DE JESUS

«Passou a noite a orar a Deus»


O Senhor reza, não com o fim de implorar favores para Si, mas com o fim de os obter para mim. Ainda que o Pai tenha posto todas as coisas à disposição do Filho, no entanto o Filho, para realizar plenamente a Sua condição de homem, visto que é o nosso advogado, acha por bem implorar o favor do Pai para nós. Não façais ouvidos insidiosos, figurando-vos que é por fraqueza que Cristo pede, para obter o que não pode realizar, Ele que é o autor de todo o poder. Como Mestre na obediência, Cristo forma-nos pelo Seu exemplo aos preceitos da virtude: «Temos junto do Pai um advogado, diz Ele» (1 Jo 2, 1). Se é advogado, deve intervir pelos meus pecados. Por conseguinte, não é por fraqueza mas sim por bondade, que Cristo implora. Quereis saber até que ponto Ele pode fazer tudo o que quer? Ele é ao mesmo tempo advogado e juiz: num reside um ofício de compaixão, no outro a insígnia do poder. «Passou a noite a orar a Deus». Cristo dá-vos um exemplo, traça-vos um modelo para imitardes.

O que é necessário fazer pela vossa salvação quando, por vós, Cristo passa a noite em oração? Que vos cabe fazer quando quereis empreender uma obra de piedade, se Cristo, no momento de enviar os Seus Apóstolos, orou e orou sozinho? Em parte nenhuma, se não estou em erro, encontramos que Ele tenha rezado com os Apóstolos. Por toda a parte, Cristo implora sozinho. É que o grande desígnio de Deus não pode ser tomado por desejos humanos, e ninguém pode entrar no pensamento íntimo de Cristo. Aliás, quereis saber como é bom para mim e não para Cristo, que Ele tenha orado? «Chamou os Seus discípulos e escolheu doze de entre eles» para os enviar, como semeadores da fé, a propagar por todo o mundo o auxílio e a salvação dos homens. (Santo Ambrósio de Milão: Comentário sobre S. Lucas 6).

Na imagem:
Santo Ambrósio de Milão, Padre e Doutor da Igreja

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