Aproximando sua mão, ele pôde completar sua fé
Os evangelistas
anunciam e não acreditas neles? O mundo acreditou e o discípulo não acredita.
Foi dito a respeito deles: O som de suas vozes se espalha em toda a terra, e
suas palavras chegam até os confins do mundo (Sl 18 [19], 5). Suas palavras se
espalharam, chegaram até os confins da terra, o mundo acreditou; todos anunciam
a um só e esse não crê.
Não era ainda o
dia que o Senhor fez. As trevas ainda estavam sobre o abismo; nas profundezas
do coração humano havia escuridão. Venha, pois, aquele que é a aurora desse dia
e diga pacientemente, com doçura, sem encolerizar-se, pois é médico: “Vem, toca
e acredita! Disseste: se não tocar, se não puser o meu dedo, não acreditarei!”
Vem, toca, põe o teu dedo. Não sejas incrédulo, mas crê! (Jo 20, 27). Vem, põe
o teu dedo. Eu conhecia tuas feridas, conservei, para ti, minhas cicatrizes”.
Então,
aproximando a mão, ele tornou plena sua fé. Qual é, pois, a plenitude da fé?
Que não se acredite ser Cristo apenas homem, nem unicamente Deus, mas homem e
Deus. Essa é a plenitude da fé, pois, o Verbo se fez carne e veio morar no meio
de nós (Jo 1, 14). Assim, o discípulo a quem foi dado tocar as cicatrizes e os membros
de seu Salvador, tendo-os tocado, exclamou: Meu Senhor e meu Deus! (Jo 20, 28).
Tocou o homem, conheceu a Deus; tocou a carne e contemplou o Verbo, porque o
Verbo se fez carne e veio morar no meio de nós.
O Verbo suportou
que sua carne fosse suspensa na cruz, o Verbo suportou que os cravos
perfurassem sua carne, o Verbo suportou que sua carne fosse traspassada pela
lança, o Verbo suportou que sua carne fosse depositada no sepulcro. O Verbo
ressuscitou sua carne, apresentou-a ante os olhos dos discípulos, permitiu que
fosse tocada por suas mãos. Eles tocam e exclamam: Meu Senhor e meu Deus! Este
é o dia que o Senhor fez (Sl 117 [118], 24). (Santo Agostinho de Hipona: Sermões: 258, 3).
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